
A inauguração da unidade do Recicla Comunidade em Manguinhos, na Zona Norte, nesta sexta-feira (06/05), trouxe esperança para a doméstica Maria Francisca dos Santos. Desempregada e com dois filhos para criar, ela vê no projeto uma oportunidade para conseguir uma pequena ajuda no orçamento de casa.
– Espero conseguir juntar dinheiro, mesmo que pouco, para ajudar na alimentação dos meus filhos. Estou desempregada e qualquer graninha que entrar será bem-vinda. A partir de agora, vou catar todo material reciclável que encontrar nas ruas – disse a doméstica, que estava na fila para cadastrar o cartão social e depois pesar as duas bolsas cheias de papelão e garrafas pet.
Moradora do Complexo de Manguinhos há mais de 20 anos, Denaide Alves da Fonseca também elogiou a iniciativa da Prefeitura do Rio de criar o Recicla Comunidade, por meio da Secretaria de Ação Comunitária. Mais conhecida como Tia Pretinha, ela ressalta que, a partir de agora, as ruas da favela ficarão mais limpas e conservadas.
– Com esse projeto, a gente vai evitar jogar lixo no rio e nas ruas. E vai ser uma renda extra para os moradores, que vão pegar o cartão para gastar no mercado. Assim, o dinheiro roda aqui dentro mesmo da comunidade – afirmou Tia Pretinha.
Oitavo ponto de coleta do Recicla Comunidade a ser inaugurado, o projeto vai aquecer a economia local e reforçar a renda de moradores e comerciantes de Manguinhos. Haverá ainda um benefício para o meio ambiente, com a redução do despejo de material reciclável em canais, rios e lagoas.
– O morador recolhe o material reciclável na comunidade, traz para pesar e recebe o valor correspondente num cartão social. O importante é que esse cartão é usado no comércio da própria favela, aquecendo a economia local. Além disso, estamos estimulando a consciência ambiental, investindo na melhora da qualidade de vida e de saúde desses territórios – disse a secretária Marli Peçanha.

Em três meses, desde a instalação da primeira unidade do Recicla Comunidade, já foram comercializadas quase 13 mil toneladas de material reciclável, o que representa uma injeção de mais de R$ 16 mil no comércio local. Até o momento, são mais de 700 moradores inscritos e aptos a usarem a moeda social em mais de 150 estabelecimentos comerciais cadastrados. O papelão, com quase cinco mil toneladas, foi o material mais vendido neste período, seguido por plástico, ferro, lata de alumínio e garrafas pet.
Como funciona
Ao levar o lixo reciclável (plástico, vidro, latinhas, papelão, metal, etc) ao ponto de coleta, o morador se cadastra e recebe o cartão no qual é creditado o valor do material vendido. A moeda social é utilizada no comércio cadastrado dentro da comunidade. Pequenos mercados, bazares, casa de material, salão de beleza, pensão e padarias são alguns dos estabelecimentos inscritos. A transação, no comércio, é feita por meio de smartphones.